Mais um ano eleitoral, mais uma vez nos perguntamos "onde vamos parar". Esse ano, como nunca antes, as campanhas vêm se difundindo pela internet, o que torna muito mais simples e barata a inclusão e divulgação do material eleitoral. Some-se a isso o fato de que a mídia em geral foi proibida de fazer gozações, charges, piadas ou qualquer outro ato que venha a interferir negativamente na campanha, e temos o seguinte.
Recentemente um video de campanha de um candidato a deputado federal foi lançado no YouTube e permanece aberto a comentários. Portanto, deixo meu comentário pessoal, mas aqui, no meu próprio espaço. A gente espera ver algo no candidato que reflita os interesses do povo, esperamos ver alguém interessado em nosso bem e no nosso desenvolvimento, no aumento do PIB, na melhora da educação, no investimento em saúde e uma série de outros temas que, infelizmente, hoje são pouco mais do que clichês. Mas o que vemos é algo nunca esperado numa campanha séria: conteúdo de teor adulto, erótico, é exibido acompanhado de uma frase de efeito e do nome do candidato e seu número. Em nenhum momento o candidato é sequer apresentado ou seus objetivos, citados.
Fiquei indignado, decepcionado. Decepcionado, sim, por lembrar que há pouco tempo um comercial de cerveja envolvendo a atriz e socialite Paris Hilton teve sua exibição proibida por conter material classificado como "adulto", e foi barrado uma vez que seu conteúdo foi considerado desproporcional aos objetivos da campanha publicitária. E, assim, não entendo como uma propaganda eleitoral com esse teor é permitida.
Há poucos dias o ator e comediante "Tiririca", também candidato a deputado federal, então em entrevista, alegou que, para ele, a política é uma piada, e que, portanto, irá se valer inclusive de humor para conquistar votos de eleitores. Li isso com tristeza, ao compreender qual o nível que a nossa política alcançou. Aparentemente, a eleição se tornou um mercado, onde valem os melhores "preços", os mais conhecidos, os mais criativos. Prova disso, ao menos 20 candidatos "famosos" ingressam na política esse ano, dentre eles Batoré, Reginaldo Rossi, Romário, KLB (não sei qual deles), mulheres-fruta, Sérgio Malandro, Marcelinho Carioca, e outros de quem não me lembro. A questão é: a política se tornou uma saída àqueles que querem recomeçar uma carreira, sejamos francos, que está em baixa. O cargo não é mais de interesse público, é muitas vezes pessoal e ocupado de maneira irresponsável, e aposto que pelo menos metade desse pessoal, se não mais, saia eleito e com um cargo de alta responsabilidade nas mãos.
Precisamos rever nossos conceitos. De bom e mau, de certo e errado, de quem é melhor ou pior para ocupar cargos-chave de poder em nosso país.
Assim, meu apelo final é para que pesem bem seu voto. Votem com consciência, com discernimento. O povo tem nas mãos o poder de decidir o futuro de nosso país. Que usemos desse poder da melhor maneira possível. E que venham mais quatro anos...
